Comprei papel de carta numa loja antiga. Acho que eram as últimas folhas em stock. Estavam amarelecidas, mas ainda guardavam aromas do século XVII. Cheguei a casa e preparei-me para te escrever. Foi quando soube da triste notícia. O chão encheu-se de tinta permanente e o meu coração ficou vazio de palavras.
Fecharam-te. Já não recebes cartas de apaixonados, nem de familiares e amigos saudosos. Já não recebes postais de viagens nem de Natal, os meus preferidos…
Encerraram-te e calaram dentro de ti a alegria de tantas letras e sentimentos manuscritos. Já ninguém quer saber de cartas. Disseram-me. Eu não aceitei. E resolvi escrever-te.
Na manhã seguinte passei por ti. Arranquei a ripa de madeira que te sufocava e entreguei-te a minha carta. Começava assim:
Querida caixa de correio,
Prometo encher-te de alegria todas as semanas…
Rosarinho