Quando a arte da pintura se cruza com a arte das palavras, como “natureza”, “ser”, “fluir”, “imprevisibilidade” e “liberdade”, estás a olhar para o projeto Art Flow, da Alexandra Pereira!
Entre os seus brinquedos de infância havia estiradores, tinta da china e papel vegetal, uma vez que o seu pai era desenhador e projetista. Por isso, facilmente entenderás a origem desta sua paixão pela pintura. Porém, como bem sabemos, por vezes, precisamos de algo mais do que paixão para nos aventurarmos em mundos novos. Por isso, a Alexandra não descurou a aprendizagem da técnica e inscreveu-se num curso de pintura, até para se descobrir como artista. Sim, porque se houve coisa que percebeu durante a formação, foi o que não queria pintar. A inspiração chega-lhe da Natureza e Liberdade foi o que sentiu quando descobriu esta técnica, que lhe permite criar quadros únicos e irrepetíveis!
Já sabes que as miúdas adoram conhecer pessoas que nos falam ao coração e nos tocam com a sua arte, pessoas, como a própria Alexandra também o diz, do “Ser” em vez do “Ter”. Ainda mais, quando nos cruzamos com a “imprevisibilidade” de as descobrir numa simples ida ao clube de leitura Um Livro Debaixo da Asa, da nossa muito querida Joana Clara! A empatia “fluiu” e resultou nesta entrevista onde podes conhecer a mulher sonhadora por detrás do projeto: a Alexandra Pereira!
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1. Quem é a Alexandra Pereira?
Sou um livro aberto, não consigo esconder emoções. Gosto de aprender coisas novas. Adoro pessoas e a sua subjetividade. Não gosto de acordar cedo. Não gosto de preconceito e mentes fechadas. Gosto de liberdade. Gosto de estar sozinha, mas não gosto de solidão. Estou a aprender a Ser, em vez do Ter. Adepta do minimalismo e desmaterialismo. A natureza, para mim, é mais do que prazer, é necessidade. Não me alimento de animais por gostar demasiado deles, a terra dá-nos tudo. Que tenha sempre humildade para continuar a aprender e a crescer até o fim!
2. Acreditas que se nasce com o dom para a pintura ou é algo que se aprende?
Acredito que todos nós nascemos com aptidão para algo. O desenvolvimento dessa competência vai depender do ambiente em que estamos inseridos, dos estímulos que recebemos, e o reforço positivo ou negativo das nossas vocações inatas. Diria até que depende também da nossa coragem para seguir os instintos.
Na pintura não é diferente, podemos nascer com um dom para a pintura, mas se não vivenciarmos, ela poderá não se manifestar. Por outro lado, podemos aprender a pintar e a ter técnica, mas a questão é: isso realiza-te? Faz-te vibrar? Dá-te prazer? És feliz? Acredito que tudo na vida é uma junção de inato e adquirido.


3. Qual foi o momento em que percebeste que a pintura seria uma parte inseparável de ti?
Foi quando percebi que entrava num estado alterado de consciência cada vez que pintava, ficava tão absorvida que passava horas seguidas a pintar sem me aperceber. Devia ter uns 19/20 anos.
4. O teu dia a dia é fluido como a tua pintura? Como são as tuas rotinas criativas?
Tento ao máximo que assim seja, mas como ser humano que sou, nada é perfeito! Tem dias que sim e tem outros que não, e está tudo certo. Sei que me escuto e paro para refletir quando me sinto incongruente. Por vezes, não vale a pena lutar e resistir, o melhor mesmo é deixar fluir que a vida sabe o que faz e coloca tudo no lugar certo. As minhas rotinas criativas são ao fim de semana, que é quando tenho tempo e me sinto em liberdade.
5. Encontras inspiração em algum artista?
Sim! Em vários na verdade, mas os principais são:
Paula Nobre – A minha mestre, professora do Curso de Pintura.
Rinske Douna – Artista plástica e designer holandesa com um talento e humildade gigantes.
Jonna Jinton – Fotógrafa e artista sueca, que me comove profundamente pela sua coragem de quebrar padrões e seguir a sua filosofia de vida.
6. Como descobriste a técnica que hoje utilizas?
No curso, já sabia o que queria e gostava, mas tínhamos de seguir as unidades curriculares e não tive oportunidade de me expressar verdadeiramente, depois de muita tentativa-erro, encontrei a Rinske Douna, e percebi, é isto!
7. A tua arte é imprevisível. Comenta.
É imprevisível, no sentido em que não há controlo ou muito pouco, da forma ou resultado final. Podemos escolher as cores e dimensões da tela, e pouco mais. Depois é deixar a tinta e o sopro fluírem sem ideias preconcebidas. É um bom exercício de aceitação.


8. O que pretendes passar com a tua arte? O que contam as telas?
O que eu mais gosto nas minhas pinturas é que, como são desprovidas de estrutura, são altamente projetivas. Isto é, as pessoas têm liberdade para ver nelas, aquilo que quiserem imaginar! Tal e qual um Rorschach. Essencialmente, quero transmitir liberdade. As minhas telas contam que o sonho comanda a vida.
9. Se te pedíssemos para fazeres uma tela para as miúdas do Armazém, que cores selecionavas?
Faria com todas as cores possíveis, como um arco-íris, para abranger toda a diversidade cultural que promovem. Está prometido!
10. Onde podemos encontrar o teu trabalho? No Instagram e em mais algum local?
Essencialmente Instagram. Também gosto de expor as minhas telas em lugares que me façam sentido, este mês vão estar numa loja de surf: surfersstorecaparica



Rosarinho & Susana
Fotos by: @brunopereira.photography
4 Comentários
Sandra
Setembro 23, 2020 at 2:59 pmLindas pinturas❤️
Rosarinho
Setembro 30, 2020 at 6:25 pmObrigada pelo teu feedback 🙂
Beijinhos
Alfreda Pinto
Setembro 30, 2020 at 12:20 pmMuito interessante. Gostei especialmente da opinião sobre os dons serem inatos ou adquiridos. Concordo.
Beijinhos
Rosarinho
Setembro 30, 2020 at 6:26 pmQuerida Alfreda,
obrigada pelo teu comentário e por teres gostado da entrevista.
Beijinhos das miúdas