Durante os dias que passei no Porto, não resisti e visitei pela segunda vez a exposição “Frida Kahlo – As Suas Fotografias”. Já tinha estado em contacto com este riquíssimo acervo em 2011, quando pela primeira vez a curadoria de Pablo Ortiz Monasterio (fotógrafo e historiador de fotografias no México) apresentou em Lisboa (Museu da Cidade) esta mostra.
Por ser uma grande admiradora do trabalho e da mulher que foi Frida Kahlo não resisti a observar novamente estes seus pedaços de história. Sete anos depois olhei estes olhares com outra profundidade, amadurecimento, compreensão e grande admiração.
Rever esta exposição, depois de ter lido o livro “Escritos de Frida Kahlo” – uma seleção de textos de Raquel Tibol (crítica de arte e investigadora) publicado pela Quetzal Editores, – ajudou-me muito a interpretar não só as fotos onde aparece como figura principal mas também as fotos que a artista tirou. Estes seus escritos eram cartas, recados, dedicatórias, postais trocados com amigos, com Diego, com o seu médico, com a sua família… Este livro revelou uma faceta menos conhecida de Frida, a da escrita, que me cativou. É como se de repente a minha caixa de correio fosse invadida por todos estes seus escritos. Senti-me sua confidente. Compreendi um pouco melhor a mulher, a artista, a lutadora. Tudo isto fez com que a exposição tivesse uma perspetiva mais aprofundada.
“Frida Kahlo – As Sua Fotografias” está patente no Centro Português de Fotografia, antiga Cadeia e Tribunal da Relação do Porto. Sabem o que achei curioso? Este antagonismo, por um lado a exposição numa antiga cadeia, por outra a mulher que não se deixou encarcerar nas dores do seu quotidiano, no sofrimento constante do corpo. Os seus dias foram um hino à vida (com todas as dificuldades que as horas colocavam no seu caminho). A sua força interior é um exemplo para todos nós – “Pés para que os quero se tenho asas para voar”.
Foi isto que me tocou profundamente. Foi isto que me emocionou no documentário que decorre em paralelo à exposição, numa outra sala. Este seu poder, esta sua força mesmo quando tudo à sua volta parece quebrar, mesmo quando o seu corpo quebrado a tenta travar, Frida não se entrega e encara a vida, com o seu “olhar frontal”.
Rever estas fotos fez-me sentir uma observadora distante da sua vida… dos pedaços da sua vida. Fotografias recortadas, coloridas por si, fotografias com pensamentos e com beijos cheios de batom, fotografias que nos contam os seus amores, as suas dores, os seus amigos, as suas convicções políticas, o seu grande e quase doentio amor por Diego Rivera (seu marido). Foi por isto que tive de voltar a entrar no universo de Frida Kahlo. Senti-lo de uma outra forma. E trazer mais uma lição de vida para casa.
Se estiverem pelo Porto ou se passarem por lá até 4 de novembro não percam a oportunidade de viver esta exposição e de assistirem ao documentário. E, já agora, gostava que partilhassem comigo o vosso sentir;)
Rosarinho
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