Eu sempre fui uma pessoa que gostava de fazer tudo com companhia. Ir às compras com companhia, ir ao cinema com companhia, ir à praia com companhia, caminhar com companhia, visitar uma exposição com companhia… UFA! Claro que é ótimo fazer todas estas coisas com uma boa companhia, mas deixar de as fazer por não se ter companhia não é muito fixe… Pois, mas eu era assim. Parecia que as coisas não tinham o mesmo interesse se fosse sozinha… ou talvez não me sentisse confortável nesse papel. E viajar, então, estava fora de questão!
Não consigo precisar, mas num passado não muito distante comecei a aventurar-me na minha companhia… e não é que gostei? Gostei de estar comigo, de apreciar o momento, fosse na praia, num museu, num shopping… numa viagem! Descobri como é importante vivermos certas experiências sozinhas e como isso nos ajuda a crescer (sim, eu sei, não é novidade o que estou para aqui a escrever, mas chegar a esta conclusão, foi um grande passo para mim)!
Em 2014 o meu mais que tudo – J. – foi fazer uma formação ao Futebol Clube de Barcelona, eu “pendurei-me”, como é óbvio, e enquanto ele esteve fechado dois dias em formação eu entreguei-me, sem medos, à (re)descoberta desta cidade. E vocês dizem: “Não estiveste totalmente sozinha!” Sim, o J. estava por lá, mas andei a passear-me durante dois dias pela bela Barcelona apenas e só na minha companhia! Tal como diz Sian Lewis, no seu artigo, o importante é estarmos conscientes de que este tempo de viagem será todo para nós! E é tão verdade!
Confesso que no primeiro dia me senti um pouco apreensiva. Mas saí do hotel com a certeza de que tudo iria correr bem. Desci a rua esperei calmamente pelo Bus Turistic. Quando ele chegou, embarquei numa viagem diferente de todas as que já tinha feito. Entreguei-me àquele momento, não pensei, apenas vivi! Adorei estar na minha própria companhia numa das cidades europeias que mais amo. Pode ter sido facilitador o facto de já não ser a minha primeira vez em Barcelona (já estava familiarizada), mas escolhi visitar locais que ainda não conhecia. Fiz o meu pequeno plano de viagem, sem grandes expectativas, permitindo que a tudo fosse fluindo naturalmente.
Visitei o Gran Teatro del Liceo, o Museu do Futebol Clube de Barcelona, a Fundação Joan Miró, o Museu Picasso, passeei-me pelo Bairro Gótico , degustei umas tapas acompanhadas de uma sangria divinal e até deixei que me maquilhassem numa loja de produtos de cosmética (são estes momentos inesperados, que apimentam a viagem). Saboreie cada momento de uma forma muito especial.
No final senti que valera muito a pena aquela experiência. Correu tudo bem. Mas se não tivesse corrido? Teria-me ajustado, teria aprendido, teria crescido. A arte de viajar sozinha ou acompanhada é saber gerir as emoções e aprender a lidar com as eventuais surpresas não agendadas. Uma coisa que aprendi nas minhas viagens é que não vale a pena planear muito. Às vezes o melhor de uma viagem é o que não foi planeado. O melhor de uma viagem são, também, as histórias que trazemos para contar.
Este fim de semana não vou viajar sozinha. Vou com o J. porque há muito que queremos viver este momento a dois. Não planeámos muito, a não ser o hotel e uma visita… vamos deixar que as ruas da cidade nos levem para onde quiserem… o importante é ir!
Mas confesso… que o bichinho de viajar sozinha ficou… Tal como escreve a Sian Lewis “Viajar sozinha representa a oportunidade ideal para afinar uma competência que penso ser central na felicidade – saber estar consigo mesma.” Estou a aprender!
Sem Comentários