Acham que está alguém do outro lado da porta? O que vos parece? Perguntei o mesmo a um pescador que por mim passou. Ele encolheu os ombros na sua pressa de chegar a casa, depois de uma noite no mar. Sentei-me em frente da porta e esperei. Nada, nenhum sinal… Silêncio, puro silêncio. Passou uma varina na sua pressa de vender o peixe. Acenei-lhe com a mesma pergunta. Olhou para mim e apenas respondeu que as fanecas estavam fresquinhas. Sorri e continuei à espera de um movimento por detrás da porta. Nada, nenhum sinal… Passou uma eternidade até que uma brisa suave com cheiro a maresia, perguntou ao meu ouvido – “Achas que está alguém do outro lado da porta?”.
Fechei os olhos e respondi “Acho que sim. Está a alma de um povo lutador. Está a alma de um povo que não desiste. Está a alma de um povo que conhece melhor que ninguém a palavra saudade. Está a alma de um povo que nunca perde a esperança.” A brisa soprou mais forte, trazendo o cheiro de outros tempos – “Então o que esperas?”
Abri os olhos, sorri e empurrei, delicadamente, a porta…
Rosarinho
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