Lenda do pássaro abelheiro
Entre os povos de angola, quando alguém sai para colher cera ou mel, procura por um pequeno pássaro que, sistematicamente ronda as colméias, e com o seu pio estridente as denuncia.
Essa delação é explicada por uma historia que vem do tempo em que os animais falavam e entendiam todas as línguas.
Certo dia, o filho da abelha adoeceu, e esta preocupada, resolveu procurar o Tchimbanda, para diagnosticar e tratar do mal. O Tchimbanda examinou o doente, pensou bem, e disse à abelha que, para a cura, precisava fazer um feitiço que tinha como ingrediente principal uma pena de asa do pássaro abelheiro, a qual, a abelha deveria providenciar o quanto antes.
A abelha foi rapidamente ao ninho do pássaro que, ciente do motivo da aflição da abelha, imediatamente arrancou uma das penas da asa e a entregou à aflita mãe. A abelha levou correndo a pena, ao feiticeiro, que no ato providenciou o tratamento, e em pouco tempo, o filho da abelha estava são e salvo.
Tempos depois, foi o filho do pássaro abelheiro que adoeceu, e este, igualmente preocupado, procurou o mesmo feiticeiro, a quem pediu que lhe curasse o filho.
O feiticeiro examinou, pensou um pouco, e disse ao pássaro que, para a cura do filho dele, precisaria fazer um feitiço em que entrava como um dos ingredientes mais importantes, uma asa de abelha. Assim, se ele queria a cura do filho, deveria arrumar a asa com urgência.
O pássaro voou ligeiro, direto para a colmeia, onde, mal chegou, contou da aflição por que estava passando, do diagnóstico do quimbanda, e pediu a tão necessária asa. A abelha negou no ato, que o pássaro estava era doido, que de jeito nenhum lhe daria uma das asas, pois ficaria impossibilitada de voar.
De nada adiantou o pássaro implorar, relembrar o caso passado, nem prometer em troca da asa, o que a abelha quisesse; ela foi inflexível, não e fim de papo. O pássaro voltou ao feiticeiro, para ver se havia alguma outra coisa que pudesse substituir a asa da abelha, mas não havia, e o filho do pássaro morreu.
O pássaro então, no desespero da dor, jurou que dedicaria o resto da vida a prejudicar a abelha. E assim tem feito através do tempo.
Carlos Duarte
(esta crónica é escrita em português do Brasil)
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